sábado, 9 de outubro de 2010

Gliese, um planeta habitável

Existem empresas especializadas em turismo espacial. Agora, se você pensa que uma viagem até uma estação espacial seria interessante, então você vai adorar a novidade: foi encontrado na semana passada um planeta habitável. “Ali ao lado” se pensarmos em termos de distâncias astronômicas.

Se olhar a Terra “de cima” é instigante, imagina pisar em outro planeta habitável e, provavelmente, encontrar outras formas de vida. Ficou curioso? Continue lendo para saber tudo sobre nosso planeta vizinho.

Desde 1989 mais de 400 exoplanetas (planetas fora do sistema solar) foram encontrados e catalogados. Por incrível que pareça, no entanto uma enorme parte destes tais planetas só foram descobertos a partir de 2007. Para se ter uma ideia, entre 1989 e 1997 somente 13 planetas foram descobertos, enquanto apenas em 2009 este número pulou para 85. Porém, devido aos métodos considerados ainda precários para observação, a maioria são planetas imensos e gasosos, impossibilitados que haja vida. Alguns cientistas previam que até maio de 2011 seria encontrado um planeta em condições semelhantes ao planeta Terra, sendo, assim, habitável. A estimativa aparentemente não foi muito otimista, tendo em vista a descoberta precoce de um planeta com grandes chances de ser habitável. Alguém ainda duvida que não exista vida além da terra? É hora de se convencer que existe sim.

Há 11 anos, os cientistas da Lick-Carnegie Exoplanet Survey pesquisam, estudam e buscam por mais exoplanetas em um sistema planetário na constelação de Libra, onde está a estrela anã vermelha Gliese 581. Até pouco, apenas quatro planetas haviam sido descobertos, com o uso do método de Velocidade Radial. Contudo, nessa semana veio a descoberta de mais dois, denominados Gliese 581 f e Gliese 581 g, sendo esse último um planeta que, segundo os astrônomos da Universidade da Califórnia em Santa Cruz (UCSC) e do Instituto Carnegie, está numa zona habitável em relação à distância de seu sol, região onde a temperatura do planeta poderia sustentar água líquida em sua superfície.

Anteriores a eles, já estavam catalogados, entre outros, o Gliese 581 c eGliese 581 d, planetas que se localizam nos extremos de uma zona considerada habitável. Por eles estarem nos extremos, a chance de haver vida não são as melhores, apesar da Gliese 581 c ter sido considerado o primeiro exoplaneta habitável encontrado na história. O ideal mesmo, segundo os cientistas, seria um exoplaneta no centro dessa zona habitável. Pois foi exatamente nesse ponto que foi encontrado o Gliese 581 g. Na opinião de Steven Vogt, professor de astronomia e astrofísica da Universidade da Califórna, a chance de haver vida nesse planeta é de 100%. Apesar de terem suspeitado outras vezes na existência planetas habitáveis, os pesquisadores crêem que agora precisão é bem maior, pelo desenvolvimento do método de Velocidade Radial e por dessa vez não terem feito estimativas irrealistas.

Pelo fato da estrela anã vermelha Gliese 581 ser algo em torno de cinquenta vezes menor que o nosso Sol, os planetas precisam estar mais próximos à estrela para apresentar chances de haver vida, que é o que acontece com a Gliese 581 g. Com essa distância reduzida, acredita-se que seu período orbital, tempo em que gira em torno de sua estrela mãe, é de apenas 36,7 dias terrestres. O planeta aparentemente é rochoso e, com isso, tem sua gravidade parecida com a da Terra, sendo capaz de reter sua superfície e dando possibilidade para um homem caminhar ereto sem grandes problemas. Já a massa do planeta é cerca de três ou quatro vezes maior que a Terra.

Curiosamente, o planeta tem dia ou noite eterna, dependendo do lugar em que você esteja (felicidade imensa para muitos, caso habitássemos – estou totalmente incluído nessa!). Ou seja, de um lado está sempre iluminado, enquanto do outro é uma noite interminável (uhul!). Já a temperatura do planeta está, em média, entre -31°C e -12°C, apesar da variação sobre cada “lado” ser bem maior. Na parte diurna, um calor intenso, enquanto na parte noturna, um frio rígido. Esse evento se dá devido ao fenômeno denominado “acoplamento de maré”, ocasionando que um lado do planeta fique sempre à mostra da sua estrela mãe. Segundo os pesquisadores, o local melhor habitável seria na interseção.

A Gliese 581 está a 20 anos-luz da Terra, o que é bem próximo, em termos astronômicos. O diâmetro da Via Láctea, por exemplo, é de 100 mil anos-luz. Porém, é impossível completar tal viagem atualmente, já que nossas sondas viajam a um milionésimo da velocidade da luz. Apesar de não tão provável, quem sabe um dia? O importante é o fato de essa descoberta ser um avanço gigantesco para a pesquisa sobre a formação de planetas.

Como tal sistema estrelar é considerado perto e com tantos outros bilhões de sistemas em nossa galáxia, seria estulto negar a existência de vários outros planetas semelhantes e que possam ser habitáveis. Seguindo o raciocínio, é bem mais fácil encontrá-los do que se imaginava.

Que tal investir em turismo espacial também? Eu soube que Roberto já está projetando a “Me Tire Deste Ócio! Corporações Espaciais”. Vai uma reserva aí? Já estou de malas prontas.

Adaptado.


Por : Enrica Lombardi

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